segunda-feira, 8 de março de 2010

CARTA ABERTA AS MULHERES

CARTA ABERTA AS MULHERES DO POVO

Nós mulheres da Via Campesina e dos movimentos urbanos de Minas Gerais, Marcha Mundial de Mulheres, Assembléia Popular e Brigadas Populares viemos nos 100 anos do 8 de março acampar na praça da Assembléia Legislativa, ocupando as praças e as ruas que é o nosso espaço por direito. Através das nossas palavras, falam as mães, esposas, filhas, avós, a quem falta terra, moradia, saúde, alimentação, educação. A quem falta tudo, menos a vontade de nos libertarmos da situação de opressão em que vivemos. Por isso denunciamos o latifúndio, o agronegócio, a violência, o machismo e acima de tudo o capitalismo. O sistema capitalista, o latifúndio e o agronegócio são culpados sim! Esse modelo é culpado por não termos terra pra cultivar, sementes pra plantar, comida pras crianças e termos que voltar pra casa de cabeça baixa por não conseguirmos emprego, mais uma vez. Pro latifúndio não importa se a produção é comida ou mesmo eucalipto. Eucalipto tem outro nome, pro agronegócio, tem nome de dinheiro. Dinheiro que são as enormes plantações de café, soja, cana, gado, eucalipto, cada um num canto do nosso país, mas todos com o mesmo objetivo: produzir mais lucro, independente do quanto isso custa. E custa muito, ah, como custa!Custa as nossas riquezas naturais, como as florestas e os minérios, enviados para fora do país e nos colocando sempre na posição de exportadores de recursos. Custa o nosso acesso a saúde, a educação de qualidade, pois o governo e a justiça preferem ficar do lado desse lucro privado ao invés de defender os direitos humanos. E acima de tudo custa a nossa vida. São as mulheres quem principalmente produz e prepara o alimento, seja no campo ou na cidade. O alimento envenenado dos grandes latifúndios prejudica a mulher que trabalha com o veneno, espalhando pela plantação, prejudica a pequena camponesa, que vê sua colheita morrendo quando usa os pesticidas, prejudica a mulher da cidade, que vai as compras e não tem nenhuma opção diferente do que comprar um alimento envenenado, e com isso alimentar a si mesmas e as suas famílias. Hoje, até o leite das mães é envenenado. Os mesmos donos da terra são também donos das fábricas que produzem o agrotóxico que se joga na plantação e das sementes transgênicas. São eles também os responsáveis por embalar os alimentos com um outro tipo de veneno, que eles dão o nome de conservantes. Ou seja, controlam toda a produção e comercialização dos alimentos que comemos. São cerca de 40 empresas trasnacionais que controlam toda a produção e comércio agrícola do mundo, como o a Nestlé, a Sadia e grandes redes de supermercado como o Carrefour e o Extra. O Brasil é o país que mais consome veneno no mundo, chega a 7 Kg por pessoa ao ano. Com esse alimento contaminado que vendem, as empresas passam a trabalhar em mais um ramo do mercado: a indústria farmacêutica, que se aproveita para vender mais remédios e cosméticos, como quem vende a felicidade e a aceitação, impondo dietas e padrões de beleza que somente oprimem as mulheres.As cidades reproduzem o mesmo padrão conservador e concentrador do campo. Neste sentido, a Reforma Urbana Popular propõe a reformulação das cidades, para que na mesma caibam todas e todos. Moradia, transporte, saneamento, equipamentos públicos (escolas, postos de saúde, centros culturais, etc) são necessidades que ainda não foram satisfeitas nas grandes cidades brasileiras. O capitalismo e o machismo são um crime sim!Crimes pois tratam a mulher como um ser invisível, como se ela não fosse também responsável por produzir a riqueza do Brasil. Não se nasce mulher, torna-se! E não é só nossa a responsabilidade de cuidarmos da casa, dos filhos. É de toda a sociedade, de todos os companheiros! O que o capitalismo e o machismo fazem, é dar como naturais uma série de tarefas para as mulheres, como o cuidado com a roupa de trabalho do marido. Ao invés do patrão e do latifundiário pagarem pela comida e pela saúde dos seus funcionários, o que eles fazem é fingir que nada disso é necessário. Como se a comida se fizesse sozinha e os doentes melhorassem sem cuidados! Esquecem que quem faz a comida é a esposa, que antes dela mesma ir trabalhar, tem que acordar ainda mais cedo pra preparar a marmita da família. O machismo também é um crime quando força as mulheres a serem a esposa e mãe prendadas que foram as nossas avós, tirando das próprias mulheres o direito a viverem o amor nas suas mais diversas formas, e quando elas assim o desejarem. Por isso, não basta lutarmos contra o capitalismo que maltrata toda a nossa classe. Precisamos lutar também contra o machismo e a opressão do homem sobre a mulher. Nada, absolutamente nada, justifica a violência doméstica. Uma bebedeira, um feijão queimado, o não desejo sexual – nada disso é motivo pra que um homem levante a mão em direção a uma mulher, seja ela sua esposa, sua filha, namorada ou uma desconhecida. E nós, mulheres, quando presenciarmos uma situação de violência contra a mulher, vamos meter a colher, vamos denunciar! E somos nós os criminosos? Não!!!!!!!!!A criminalização da pobreza existe no campo e nas cidades. O Estado revista, sentencia, prende, tortura, humilha e mata em seu esforço de conter a pobreza dentro das favelas e proteger os ricos. Dão a isso o nome de manutenção da ordem, mas na verdade mantêm o controle social ,encarcerando os movimentos populares, a juventude, as não-consumidoras, as desempregadas, as que abortam ou aquelas que ousam levantar a voz contra a exploração e opressão. Não somos criminosas ou preguiçosas. Nosso maior orgulho é mostrar o fruto do nosso trabalho. O que Estado e a mídia querem é criar as condições legais e, se possível, legítimas perante a sociedade para impedir que a classe trabalhadora tenha conquistas econômicas e políticas; para restringir, diminuir ou dificultar o acesso as políticas públicas; isolar e desmoralizar os movimentos sociais junto à sociedade e, por fim, criar as condições legais para a repressão física aos movimentos sociais. Erguemos nossos punhos de luta, nossos filhos, os alimentos que produzimos, nosso estudo, nosso trabalho. Estamos em luta, mulheres do campo e da cidade, pois sabemos que somente será possível a mudança, com a mobilização de todo o povo organizado, e por isso seguimos lutando até que nenhuma mulher trabalhadora seja vítima das injustiças do capital. Até que todas nós sejamos livres. “A primeira provocação ela aguentou calada. Na verdade, gritou e esperneou. Mas todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem em maternidade, ajudados por especialistas. E não como ela, numa toca, aparado só pelo chão. A segunda provocação foi a alimentação que lhe deram, depois do leite da mãe. Uma porcaria. Não reclamou porque não era disso. Outra provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos, por doença e falta de medicamento. Não gostou nada daquilo. Mas ficou firme. Era de boa paz. Foram provocando por toda a vida. Não pôde ir à escola porque tinha que ajudar na roça. Tudo bem, ela gostava de roça. Mas aí lhe tiraram a roça. Na cidade, para onde teve que ir com a família, era provocação de tudo que era lado. Resistiu a todas. Morar em barraco. Depois perder o barraco, que estava onde não podia estar. Ir para um barraco pior. Ficou firme, firme. Queria um emprego, só conseguiu um subemprego. Queria casar, conseguiu uma submarido. Tiveram subfilhos. Subnutridos. Os que morriam eram substituídos por outros.Estavam provocando. Gostava da roça. O negócio dele era a roça. Queria voltar pra roça. Ouvira falar de uma tal de reforma agrária. Não sabia bem o que era. Parece que a idéia era lhe dar uma terrinha. Se não era outra provocação, era uma boa. Terra era o que não faltava. Passou anos ouvindo falar em reforma agrária. Em voltar à terra. Em ter a terra que nunca tivera. Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era provocação. Mais uma.Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo. Pra valer. Garantida. Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi brigar pelo que pudesse conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer coisa. Só não estava mais disposto a aceitar provocação. Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez amanhã. Talvez no próximo ano... Então protestou. Na décima milésima provocação, reagiu. E ouviu, espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ela: Violência não!”.
Autor desconhecido


sexta-feira, 5 de março de 2010

PROGRAMAÇÃO PARA 8 DE MARÇO

PROGRAMAÇÃO
CENTENÁRIO DO 8 DE MARÇO

O Ato Unificado pelo Centenário do 8 de Março em BH reúne 57 Entidades.

13:00- ABERTURA
13:00 as 14:00- Concentração na Praça da ALMG
(com manifestações políticas e culturais)

14:00- Passeata
TRAJETO:
-Saída pela Rua Martim de Carvalho
-Entrar na Rua Rodrigues Caldas
-Pegar a Av. Álvares Cabral
(Parada no Ministério Público para entrega de Documento sobre VIOLÊNCIA)
-Continua Álvares Cabral
-Parada no Banco Central
(Parada para entrega de Documento sobre TRABALHO)
-Continua Álvares Cabral
-Pegar a Afonso pena
-Entrar na Guajajaras
(Parada em frente ao Carrefour)
-Continua Afonso Pena
(Parada em frente à PBH para entrega de Documento sobre a LICENÇA MATERNIDADE)
-Continua Afonso Pena
(Chegada na Praça 7 prevista para as 16:30)
(Parada na Praça 7 a partir das 16:30 com mais manifestações políticas e culturais)
18:00- ENCERRAMENTO

quinta-feira, 4 de março de 2010

Confira a programação de março do Cineclube Joaquim Pedro de Andrade

Programação - março de 2010 Mês da mulher
Dia 9 - terça-feira – 19 horas – Pão e TulipasDireção: Silvio Soldini (2000) - 115 min. O filme conta a história de uma dona de casa que viaja de ônibus com a família, mas é esquecida num restaurante de beira de estrada. Então ela aproveita a oportunidade para "tirar férias" da vida que levava: pega uma carona, vai para Veneza e começa a excursionar sozinha à procura de uma nova vida.Debatedora: Ana Prestes
Dia 16 - terça-feira - 19 horas – O círculoDiretor: Jafar Panahi (2000) - 90 min. Três mulheres acabam de receber indultos para deixar a prisão. As perspectivas, porém, são piores. Mesmo em liberdade, elas se sentem em uma grande prisão, com os direitos reduzidos e cercadas pelos homens. Debatedor: a confirmar
Dia 23 - terça-feira - 19 horas – Anita não perde a chanceDireção: Ventura Pons (2000) - 89 min. Após 30 anos, Anita perde seu emprego como bilheteira num cinema que acaba de ser demolido. Sem saber o que fazer, visita todos os dias o espaço vazio. Ao conhecer o motorista da construção, ela passa a viver um romance que vai transformar sua vida. Debatedor: a confirmar
Dia 30 - terça-feira – 19 horas – O fabuloso destino de Amelie PoulanDireção: Jean-Pierre Jeunet – (2001) – 120 min. Amelie é uma jovem que se muda do subúrbio para Paris, para trabalhar como garçonete. Ela encontra uma caixinha cheia de itens pessoais e decide entregá-la ao antigo dono, revendo pequenos conceitos que mudarão sua vida. Debatedor: a confirmar

quarta-feira, 3 de março de 2010

Entidades unidas pelo 8 de março

ENTIDADES QUE PARTICIPAM DO ATO UNIFICADO
PELO CENTENÁRIO DO 8 DE MARÇO:


-MPM (Movimento Popular da Mulher)
-UBM/MG (União Brasileira de Mulheres)
-SINPRO/MG (Sindicato dos Professores de Minas gerais)
-CTB
-REDE POPULAR SOLIDÁRIA
-DIVAS (Diversidade Afetivo-Sexual)
-ALÉM (Associação Lésbica de Minas)
-AMB/MG (Articulação de Mulheres Brasileiras de Minas Gerais)
-MULHERES EM LUTA
-CONLUTAS
-INSTITUTO HELENA GRECO
-INSTITUTO ALBAN
-INSTITUTO IMERSÃO LATINA
-CMDM (Conselho Municipal dos Direitos da Mulher)
-CEDM )Conselho Estadual dos Direitos da Mulher)
-CNDM –Conselho Nacional dos Direitos da Mulher
-FÓRUM DE MULHERES MERCOSUL
-FÓRUM SOCIAL MUNDIAL/MG
-BRIGADAS POPULARES
-Federação de Mulheres Mineiras
-CMB (Confederação das Mulheres do Brasil)
-COMDIM (Coordenadoria Municipal dos Direitos da Mulher)
-CUT (Central Única dos Trabalhadores)
-MULHERES EMERGENTES
-FIO CRUZ
-GRAAL
-RFS (Rede Feminista de Saúde)
-N'Zinga - Coletivo de Mulheres Negras
-MMM (Marcha Mundial de Mulheres)
-Mulheres em União
-MULHERES EMERGENTES
-Conselho Municipal de Habitação
-Profissionais do Sexo de Betim
-SINDESS
-MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens-Consulta Popular-AP - Assembléia Popular-ABEEF - Associação Brasileira de Estudantes de Engenharia Florestal

PULSEIRA COM GPS

França aprova pulseira com GPS para maridos violentos
Daniela Fernandes De Paris para a BBC Brasil Os deputados franceses aprovaram nesta quinta-feira por unanimidade um projeto de lei para combater a violência conjugal que prevê que maridos considerados violentos usem uma pulseira eletrônica equipada com um GPS.Os trajetos percorridos pelos maridos acusados de violência doméstica serão monitorados em tempo real pela polícia, que poderá verificar se eles se aproximam dos locais frequentados por suas esposas.A ministra francesa da Justiça, Michèle Alliot-Marie, disse que a pulseira eletrônica poderá ser utilizada antes do julgamento dos acusados de atos de violência e até mesmo em casos apenas de ameaças feitas contra a mulher.O texto aprovado pelos deputados será examinado pelo senado francês a partir do final de março. Estatísticas A legislação foi aprovada dez dias após o assassinato a facadas de Tanja Pozgaj, de 26 anos, por seu ex-companheiro, na periferia de Paris.Ela havia solicitado inúmeras vezes, sem resultado, proteção da polícia, da Justiça e das autoridades municipais após receber várias ameaças de morte. O caso teve grande repercussão no país.Fato raro na política francesa, o projeto de lei aprovado é uma iniciativa “de consenso”, apresentada em conjunto por partidos da oposição (socialista) e do governo, o UMP.Segundo estatísticas do Ministério francês do Interior, quase 20% do total de homícidios no país, nos casos em que o autor foi identificado, são cometidos por cônjuges. Mais de um terço desses assassinatos estão ligados à separação do casal.Em média, uma mulher morre a cada três dias na França em razão da violência doméstica. Em 2008, 157 mulheres foram mortas por seus companheiros. Violência psicológica Outra novidade prevista no projeto de lei é a definição do delito de “assédio psicológico”, que terá penas severas de até três anos de prisão e multa de 75 mil euros.O texto define como violência psicológica vivida por um dos membros do casal “os atos e palavras repetidas que resultam na degradação das condições de vida da vítima e que podem afetar sua saúde físical ou mental”.Para criar o artigo sobre a “violência psicológica”, os deputados se basearam no conceito do assédio moral, até então aplicado somente às questões trabalhistas.“Esse novo delito visa levar melhor em conta situações, vividas por um casal, que não resultam obrigatoriamente em violências físicas, mas que podem ter consequências graves para as vítimas”, afirmam os deputados na exposição de motivos do texto.Segundo a ministra da Família, Nadine Morano, 84% das 80 mil ligações telefônicas recebidas anualmente pelos serviços que auxiliam vítimas de violências domésticas se referem justamente a humilhações e insultos constantes do marido ou companheiro, “que destroem psicologicamente a mulher”, diz a ministra.Mas alguns juristas levantam dúvidas sobre a possibilidade de distinguir o assédio psicológico das tensões normais ou brigas que podem existir entre o casal.“Ser desagradável de maneira constante, criticar sua companheira o tempo todo seria uma violência psicológica do ponto de vista penal?”, questiona Christophe Vivet, secretário nacional da União Sindical dos Magistrados.
O texto aprovado pelos deputados será examinado pelo senado francês a partir do final de março.

MPM BH

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